Em entrevista ao programa Agenda da Semana, apresentado pelo Administrador Marcelo Nunes na Rádio Folha AM 1020, o procurador federal responsável pela seção indígena da Advocacia Geral da União (AGU) Wilson Précoma, tornou publico a existência da formação de grandes latifúndios em terras indígenas, controlados pelo CIR e Sodiur. Na oportunidade, criticou a forma da exclusão de índios contrários a esta pratica pelos lideres das comunidades, gerando conflitos internos.
Fruto de um estudo minucioso feito pelo procurador, desde a homologação das reservas indígenas de São Marcos e a mais recente Raposa Serra do Sol, após a desapropriação das fazendas com potencial para a criação de gado, e propícias à exploração agrícola, o mesmo passou a observar que as propriedades já estruturadas abrigavam apenas “lideranças” e não a comunidade de forma coletiva.
Outro fato que chamou a atenção de Précoma, foi com relação ao rebanho indígena, oportunidade em que observou a existência de um monopólio, beneficiando alguns tuxauas os quais detém a posse de mais de 3.200 bovinos, enquanto que a comunidade não possui sequer 10% deste total.
“Vejo com preocupação a constatação destes dados e ao mesmo tempo com tristeza a exclusão dos próprios indígenas pelos seus parentes, os quais ao se tornarem contrários a este medida, são perseguidos, excluídos e expulsos da comunidade com sua família, passando a viver miseravelmente na sede dos municípios, sendo assistidos pelo Bolsa Família”, alertou.
Em relação à Funai, o mesmo afirmou que o órgão está “recalcitrante” a tudo que está acontecendo e sequer tem tomado um posicionamento claro sobre as denúncia já encaminhadas ao conhecimento da administração regional, o que tem aumentado os índices de conflitos nas duas reservas, motivada pelo disputa do gado e pelo domínio de liderança nas regiões.
“Quem deveria promover o convívio pacifico entre as comunidades pratica o inverso. É notório e está bem claro a todos, os grandes bolsões de pobreza envolvendo indígenas em municípios como Bonfim, Normandia, Uiramutã e Pacaraima”, disse.
BR 174 – Ao comentar sobre seu posicionamento favorável ao fechamento da BR-174 após às 18h, na reserva indígena Waimiri-Atroari, ele afirmou que existem pontos a serem analisados em relação a esta questão, e citou como exemplo a reserva São Marcos, mais precisamente nos 70 Km do trecho entre a Boca da Mata, em direção ao município de Pacaraima, em que o local não sofre nenhuma intervenção na limitação da trafegabilidade, sendo possível tratar estatisticamente o aumento do consumo de bebidas alcoólicas entre os indígenas, drogas, aliciamento de menores para o trafico e exploração sexual, pela interferência de pessoas sem serem da comunidade que acabam introduzindo esta prática na comunidade. (R.G.)
“Como tenho defendido não é possível atribuir ao índio o entrave ao progresso pelo fechamento noturno da BR 174, por um período de 12 horas. Se tornou um discurso meramente político, enquanto estamos deixando de proteger seu contexto étnico, caso a fronteira passe a ser liberada integralmente. Por outro lado um dia esta questão terá um encaminhamento favorável, e teremos que buscar uma alternativa para garantir a preservação de seus costumes”, defendeu.
Ricardo Gomes
Editoria de Cidade
De Folha de Boa Vista, 03/06/2013.
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