Ainda tratando sobre o artigo petista “EUA imitam Brasil ao retirar classificação negro/negra do censo”, este afirma que “… no Brasil, as expressões negro/negra ou negão/negona são rejeitadas pelo ‘Movimento Pardo Mestiço Brasileiro’ e por independentistas intelectuais afrodescendentes (pretos, negros, pardos) e de todas as cores que não põem em prática o ensinamento do maior herói negro mundial o mártir da consciência antirracista o sindicalista e líder socialista sul-africano Stephen-Steve Bantu Biko (1946-1977): ‘Racismo e capitalismo são os dois lados de uma única e mesma moeda’”.
Aqui cabe lembrar o que o governo petista faz questão de fazer o povo esquecer: antes de haver pretos no Brasil, este país já era habitado por mestiços. Vamos resumir: primeiro havia os nossos antepassados indígenas originais; depois chegaram os nossos antepassados brancos portugueses; depois estes se misturaram, dando origem a uma nova etnia, a mestiça, formada por cabocos ou mamelucos, grande parte dela de cor parda; só depois, quando já havia muitos mestiços andando pela Bahia e outras regiões do que hoje é o Brasil, chegaram nossos ancestrais pretos da África, que se misturaram com indígenas, brancos e mestiços aumentando a população de nossa etnia.
O que o texto quer dizer com “… no Brasil, as expressões negro/negra ou negão/negona são rejeitadas pelo ‘Movimento Pardo Mestiço Brasileiro’“? Nós mestiços não nos identificamos como negros, goste ou não o Partido dos Trabalhadores (PT), por um motivo bem simples: nós não somos negros. Se alguém identifica-se como negro/negra é direito seu. Ninguém porém tem o direito de impor a sua opção aos outros.
Quanto a Stephen-Steve Bantu Biko, ele também não se identificava como Negro, mas como Black (preto). A propósito, a expressão criada por ele, Black Consciousness, tem sido equivocadamente traduzido para ‘Consciência Negra’ e não para ‘Consciência Preta’.
A referência a Steve Biko merece um observação prévia para se avaliar se suas ideias marxista têm sido seguidas no Brasil por grupos que ostentam o seu nome. Steve Biko era um nativo africano enfrentando o racismo de pessoas que defendiam privilégios e a superioridade do europeu colonizador ou imigrante e de seus descendentes brancos em relação aos nativos Blacks e Coloureds (mestiços) e populações não-brancas não-nativas, como os indianos.
No Brasil, os correspondentes aos nativos da África do Sul não são os que se identificam como negros, mas os indígenas originais e os mestiços.
A política racial do Partido dos Trabalhadores no Brasil não corresponde à defendida por Steve Biko na África do Sul; pelo contrário. Nossos ancestrais pretos (africanos ou aqui nascidos) eram nativos na África, mas não eram nativos na América.
O petismo tem promovido a marginalização dos nativos mestiços e a redução dos nativos indígenas a territórios exclusivos, copiando o que o ex-primeiro-ministro Hendrik Verwoerd, o arquiteto do apartheid, defendia para os nativos da África do Sul.
No Brasil, lutar contra o colonialismo e o imperialismo, seja ele europeu ou africano, é lutar em defesa dos nativos e a maior etnia nativa do país é o mestiço brasileiro, descendente dos milhares de povos indígenas originais que habitam ou já habitaram o país.
O lema de Steve Biko era “One Nation, One Azania”, ou seja, “Uma Nação, Uma África do Sul” – algo contraditório, haja vista que o comunismo é contra nacionalidade. Esta contradição servia, porém, à luta de Biko contra os bantustões, criticando os líderes pretos que apoiavam esta política de segregação racial do governo de supremacia branca. O governo petista tem defendido isto ou tem promovido a divisão territorial do povo com o apoio de ricas ONGs internacionais de “homens brancos” da Europa e EUA?
Contra o racismo não basta ser conservador
Dentre os costumes de nossos ancestrais indígenas, destacamos o cunhadismo, a ideia de promover casamentos com os estrangeiros, como os colonizadores portugueses; e destes, destacamos os valores antirracistas do Cristianismo. Conservar valores é fundamental para a preservação da liberdade do povo, especialmente neste início de séc. XXI que se parece tanto com o início do séc. XX, em que o racismo e a eugenia e outras ‘coisificações’ do ser humano vêm ganhando apoio nos meios acadêmicos, em instituições públicas e na grande mídia, apresentados, agora, em novas embalagens, como multiculturalismo.
Como a etnia mestiça é indissociável da Nação, isso incomoda ideologias que colocam outros interesses acima dos interesses nacionais, que são contrários à Nação, ou que simplesmente são hostis à miscigenação e à mestiçagem.
Contra o racismo, a eugenia, o multiculturalismo, o elitismo, o entreguismo, o totalitarismo, o escravismo em nova roupagem, não basta a nós mestiços brasileiros sermos conservadores, precisamos reagir e defender nossa brasileiríssima identidade, nossa história e nossos valores diante dos que orgulhosamente progridem em direção ao abismo.
Leão Alves é secretário geral do Nação Mestiça.
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