O governo do Estado Plurinacional da Bolívia, liderado pelo presidente indígena Evo Morales, do partido marxista Movimento ao Socialismo (MAS), decidiu excluir a opção ‘mestiço’ do censo do país. Segundo o informativo ANF, os senadores do partido Convergência Nacional (CN) concordaram que a exclusão da categoria ‘mestiço’ do Censo Nacional da População e Habitação, cuja realização está prevista para 21 de novembro, é uma manobra “enganosa” e “discriminatória” que causará conflitos na identificação da população boliviana.
Sobre o assunto, o senador Germain Antelo (CN) disse que todos os bolivianos devem estar orgulhosos do seu sangue, que é uma mistura de nativo com o de quem chegou de outras partes do mundo, levando a uma mistura que não deve ser rejeitada. “Com base em pesquisas que foram feitas, a maioria dos bolivianos, 60 por cento como conceituamos mestiços”, assinalou. Antelo acrescentou que o governo comete outros erros, tais como confundir idiomas com raças e citou como exemplo o idioma bésido e o chiquitano no censo é classificado como duas coisas diferentes.
Por sua parte, a senadora do departamento de Beni, Jeanine Añez, disse que a implementação do Censo Nacional é essencial uma vez que irá especificar a redistribuição de assentos parlamentares e redistribuição dos recursos da partilha de receitas provenientes da coparticipação tributária. “Você vai ver uma reação pública negativa, pretende-se enganar os bolivianos a ignorar esta classificação com a qual nos identificamos em maioria (mestiço)… Espero que a determinação seja mudada e não mintamos a nós mesmos. O censo se faz necessário, mas um censo que seja real “, disse ele Añez.
Numa conferência de imprensa, a ministra boliviana do Planejamento do Desenvolvimento, Viviana Caro, afirmou que “a palavra ‘mestiço’ incorpora uma definição biológica, de raça”, declaração que foi alvo de crítica de autoridades, políticos da oposição e particulares locais. A política mestiçofóbica do governo boliviano foi criticada também fora do país. Segundo o secretário geral do Movimento Pardo-Mestiço Brasileiro, Leão Alves, mestiço não é raça, é uma etnia nativa tanto quanto as etnias indígenas. “O censo excluiu mestiço, mas incluiu afro-boliviano, que é um termo tão racial quanto negro, caucasiano (branco) ou indígena. O primeiro objetivo do racismo é evitar a mestiçagem e ele pode recorrer a diversos subterfúgios para isto. Está havendo em diversos países da América Latina a promoção da eliminação de suas etnias mestiças nacionais por governos marxistas e por ricas ONGs multiculturalistas, provenientes principalmente da Europa e dos EUA. Basta verificar quem patrocina e apóia estes governos e movimentos mestiçofóbicos. Apagar oficialmente o mestiço visa não reconhecer o direito originário da etnia mestiça à terra, à sua cultura e a outros. O seu objetivo é promover a criação de grandes blocos políticos, como a Unasul, e para isso eles precisam enfraquecer a identidade nacional dos povos a fim de enfraquecer a soberania dos Estados nacionais e a cidadania. Mestiçagem unifica e eles desejam dividir, por isso discriminam mestiços. Nós mestiços temos que não votar em quem nos discrimina”, concluiu.
Quem paga
Segundo o site El Sol de Santa Cruz, o censo boliviano tem financiamento de US $ 55 milhões, dos quais 50 vêm do Banco Mundial e cinco nos cofres do Tesouro da Nação (TGN).
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