
O presidente Luis Arce junto com Mauricio Claver-Carone, presidente do BID, que financia o censo que exclui mestiços. Foto: Twitter (Luis Arce).
O Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID disponibilizou para o governo da Bolívia 100 milhões de dólares para a realização do censo do país, que excluirá novamente a opção mestiço. O presidente atual, Luis Arce, é do Movimento ao Socialismo – MAS, partido de Evo Morales, que quando presidente também impediu que mestiços se declarassem no censo. Em 2012, ano em que o ex-presidente Evo Morales excluiu mestiços do censo, o Movimento Pardo-Mestiço Brasileiro e outras associações brasileiras emitiram nota em apoio aos mestiços bolivianos e desmentindo diversas afirmações do governo da época. O BID recebe dinheiro do Brasil, mas Constituição brasileira (art. 4.º, VIII) proíbe patrocinar racismo no estrangeiro.
O governo boliviano informou esta quarta-feira, 13, que o Recenseamento da População e da Habitação, previsto para ocorrer em 16 de novembro, vai custar 68 milhões de dólares e que a categoria “mestiço” não será incluída na votação, porque seria um “revés” e incorreria em “discriminação”.
A informação, segundo o jornal El Deber, é da ministra do Planejamento, Gabriela Mendoza, que afirmou que 40 milhões virão do Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata – FONPLATA, 26,4 milhões do BID (ambos organismos internacionais) e 1,6 milhão de recursos do nível central do Estado, afirmação confirmada pelo governo da Bolívia. O FONPLATA também recebe dinheiro brasileiro. Além do Brasil, fazem parte do órgão a Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Sem apresentar documentos, a ministra atribuiu em entrevista coletiva a um “pronunciamento” da ONU não incluir a opção mestiço no censo porque este seria uma “raça humana”. e que o banco de questões atenderia a parâmetros e consistência exigidos pelos organismos estrangeiros:
“Sobre o mestiço, há um pronunciamento das Nações Unidas, de muitíssimos anos atrás, onde não se incluem tipologias da raça humana, portanto, seria um retrocesso e seria uma característica totalmente discriminatória, por isso é importante divulgar essa informação para a população”, disse o ministro.
Sublinhou que a realização do inquérito nacional é da competência privada do “nível central”.
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