Dizer que a identidade brasileira está baseada na mestiçagem não é o mesmo que dizer que todos os brasileiros são mestiços – até porque para que haja a mestiçagem é necessário que haja ou tenha havido o não-mestiço. A identidade mestiça tem aspectos que a distinguem da identidade nacional, que é mais ampla em certos pontos e mais restrita em outros. A identidade nacional é baseada no encontro e mestiçagem entre nativos, brancos portugueses colonizadores e pretos africanos escravizados. Ou seja, um indígena, um branco descendente de colonizadores portugueses e um preto descendente de escravos africanos, um crioulo, são tão ligados à identidade nacional quanto um descendente da mestiçagem entre eles.
Um português que migrara para o Brasil antes da independência era um colonizador que estava dentro do território então pertencente ao seu país; o que chegou no dia 8 de setembro de 1822, porém, já não era um colono, mas um imigrante estrangeiro. Neste sentido, a Constituição de 1824 considerou cidadãos brasileiros todos os portugueses que residiam no Brasil à época da Independência.
Observe que se trata de um simbolismo: a identidade nacional está baseada, entre outras, no português colonizador, mas não no português imigrante.
Embora não haja provas inquestionáveis, é muito improvável que o primeiro descendente dos brancos portugueses no Brasil não tenha sido um mestiço caboco. No Brasil, o primeiro filho do europeu foi provavelmente um mestiço (o mestiço brasileiro terá nascido antes do branco brasileiro e do preto brasileiro), indicando a identidade brasileira baseada na mestiçagem; nos EUA, o primeiro filho do europeu foi provavelmente um branco (o branco norte-americanos terá nascido antes do mestiço norte-americano e do preto norte-americano), indicando a identidade estadunidense baseada no branco.
Em resumo: mestiçagem é processo, mestiço é resultado do processo.
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Na verdade, há mestiços que se identificam como índios e não como mestiços; há mestiços que se identificam como brancos e não como mestiços; há mestiços que se identificam como negros e não como mestiços; há até mesmo os mestiços que não só não se identificam como mestiços como ainda discriminam e combatem os mestiços e a mestiçagem.
Há, porém, os mestiços que assumem objetivamente o que são, identificam-se como mestiços, honram seus ancestrais não-mestiços indígenas, brancos, pretos e amarelos, mas não possuem a mesma identidade étnico-racial (ou outra palavra similar) deles.
Um grande abraço, Ari.
Valeu, Dr. Leão: em última instância (ou na primeira?) tudo a humanidade começou na África. Daí dá para afirmar que toda a humanidade a partir da sua gênese natural (clima, alimentação etc) e do processo cultural (civilizatório ou não) transformou-se em mestiça. Pra encerrar, querido companheiro Leão: aceito qualquer definição para mestiço/mestiçagem, só não tenho interesse (nem saco) de sentar em uma mesa onde predomine a linha de pensamento que considera a mestiçagem uma chaga, uma humilhação etc…
amplexos fortes!
http://www.unidbrasil.com.br INDIO TAMBÉM É MESTIÇO!