Moradores do município de Antônio João (MS) e políticos se reuniram para debater conflito racial. Há risco de confronto armado a qualquer momento, segundo a corporação. O prefeito do município, Selso Lozano, é do PT.
Após reunião com políticos na manhã deste sábado (29), moradores insatisfeitos foram até as propriedades ocupadas com objetivo de tirar os índios ‘à força’, em Antônio João, segundo a Polícia Militar (PM) do município de cerca de 8.200 habitantes. A corporação informou que há risco eminente de confronto armado a qualquer momento.
Os moradores estão próximos das sedes onde estão os índios, apoiados por indigenistas. A PM informou que já houve denúncias de disparos de arma de fogo na região. Equipes da Força Nacional e do Departamento de Operações da Fronteira (DOF) já foram encaminhadas para evitar confrontos na zona de conflito.
A reunião que debateu a criação de territórios indigenistas ocorreu por volta das 11h (de MS) e reuniu cerca de 200 pessoas no Sindicato Rural de Antônio João. Além de moradores, participaram o senador Walmemir Moca (PMDB), o deputado federal Luis Henrique Mandetta (DEM) e a deputada Mara Caseiro (PT do B).
Índios paraguaios
Segundo a PM, já são nove propriedades ocupadas, ao todo, por aproximadamente 1.000 índios da aldeia Marangatu. Há a suspeita de que índios paraguaios também estejam entre eles e ajudaram nas invasões.
Nesta semana, moradores já bloquearam três vezes, em protesto, a MS-384, entre Antônio João e Bela Vista. O último bloqueio ocorreu na tarde de sexta-feira (28). Além disso, cerca de 14 famílias de não-índios foram retiradas por índios da aldeia Campestre.
Os dois postos de combustíveis do município continuam sem vender combustível em qualquer tipo de recipiente, conforme a PM. A medida de segurança que pretende evitar incêndios durante o conflito não tem prazo para ser suspensa.
Ataque
Cerca de 20 índios atacaram um carro de reportagem da TV Morena neste sábado, em Antônio João. Eles tentaram abrir a porta para tirar os dois jornalistas que ocupavam o veículo. O motorista saiu do local e ninguém ficou ferido.
Apartheid indigenista
O Brasil é signatário da Convenção Internacional Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1968, na qual se comprometeu a proibir e a eliminar nos territórios sob a sua jurisdição todas as práticas de segregação racial e o apartheid. Governos do Partido dos Trabalhadores, porém, têm promovido limpeza étnica de mestiços e outros grupos étnicos e raciais para implantar bantustões indigenistas assemelhados aos do regime do apartheid sul-africano. No AM, o Nação Mestiça, com base no direito originário do povo mestiço, que é descendente dos povos índios originais, tem contestado as tentativas de criação de bantustões indigenistas pelo Governo Federal.
Com informações do G1, 29/08/2015.
Comentários