Caso a Funai consiga criar as três reservas indígenas em Autazes cerca de 400 propriedades terão de ser desapropriadas, o que pode afetar a produção de leite no município
Uma audiência pública provocada pela Federação da Agricultura do Amazonas (FAEA) discute nesta terça-feira (08), a partir das 14h, no Ginásio Municipal de Autazes (distante 110 quilômetros de Manaus em linha reta), a criação de três reservas indígenas no município.
A reunião vai contar com a participação de representantes da Prefeitura e da Câmara de vereadores, Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Amazonas (Fetagri/AM) e moradores das comunidades que serão afetadas caso as reservas sejam criadas.
De acordo com o presidente da FAEA/AM, Muni Lourenço Silva Junior, a expectativa é que cerca de 2 mil pessoas de comunidades como a Novo Céu e Autaz Mirim participem da audiência pública.
Segundo ele, a reunião é uma tentativa de discutir e mostrar que a proposta da Fundação Nacional do Índio (Funai) pode trazer prejuízos para a produção de leite em Autazes, uma vez que, para criar as reservas, será necessário desapropriar quase 400 propriedades.
A FAEA/Am mobilizou cinco balsas para transportar os interessados em participar da reunião, além disso, foram solicitados a presença das polícias militar e federal para conter os ânimos, caso as discussões se intensifiquem e provoquem alguma reação dos povos indígenas que participarão da audiência pública.
De Amazonas Notícias, 07/06/2010.
Esta sua afirmação de que “Os índios conservaram uma relação de reciprocidade existencial e espiritual com a terra, nós o homem branco e mestiço, a perdemos e substituímos por interesse financeiro e econômico” é preconceituosa com mestiços e também com brancos.
A maioria da população da Amazônia é formada por mestiços e em 500 anos os mestiços preservaram a flora e fauna dessa região sem qualquer necessidade de serem orientados para isso por organizações ambientalistas do “homem branco” europeu. Salvo rara exceção, os atuais indígenas são miscigenados descendentes também de brancos e grande parte deles (talvez a maioria) não se diferencia culturalmente dos mestiços e dos poucos brancos da Amazônia (inclusive no hábito de ingerir leite e outros alimentos de origem animal). Na Amazônia, como em todo o Brasil, houve profundo sincretismo e intensa miscigenação entre os povos que formaram a Nação. Registro que brancos sempre foram minoria no Norte do país (atualmente, parte deles são religiosos, ativistas e pesquisadores dos EUA e Europa em atuação na região).
Não sou produtor de leite. No meu pequeno quintal só há espaço para morarem meus gatos e dois cachorros. Não é preciso, porém, ser produtor de leite para ser contra políticas de segregação racial ou étnica. Esta prática de desenhar o conflito num padrão “ricos brancos invasores versus índios” visa apagar as mais numerosas vítimas do processo, as populações pobres expulsas nas “desintrusões”.
Deve-se lembrar, assim, de algo que esta notícia não citou: que a maioria dessas pessoas que podem ser vítimas de limpeza étnica para a criação de áreas exclusivas para indígenas é formada por pessoas de baixa renda, algumas que vivem com economia de subsistência. Para atender a interesses de governos e determinados grupos de países ricos e extremamente consumidores – em sua maioria com população “branca de verdade” – estas populações mestiças da Amazônia têm sido vítimas de contínuas expulsões que, além de desrespeitarem os direitos originários delas (pois mestiços também são nativos) têm levado muitas pessoas à miséria.
Não estou afirmando que seja o seu caso, mas quem conhece mesmo um pouco a região sabe que a realidade é bem diferente da que o velho racismo segregacionista e o seu novo imperialismo multiculturalista e mestiçofóbico tenta pintar.
Os índios conservaram uma relação de reciprocidade existencial e espiritual com a terra, nós o homem branco e mestiço, a perdemos e substituímos por interesse financeiro e econômico, eles sabem como cuidar da mãe terra.. por exemplo, aprender a conservar os recursos naturais e recorrermos à sustentabilidade e auto-suficiência e não a geração de lucros cega, se permitirmos aos índios continuarem cuidando da terra, então o bem que estaremos fazendo por este planeta vai trazer uma substituição para o vosso trabalho de cultura do leite. E posso contar inúmeros malefícios do leite. Há culturas alternativas ao leite para hábitos mais saudáveis. O leite é responsável por inúmeras doenças decorrentes dos nosso hábitos alimentares com base em alimentação animal. E é importante aprender que a cultura alimentar é sobrevalorizada, tanto quanto a cultura do valor monetário, lucro.
Este sistema de vida civilizado tem os dias contados.